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Monotonia...

por Tomates e Grelos, em 23.10.13

O dia apresenta-se cinzento, desinteressante. Ele, estendido no sofá, enfadado, desvia o olhar para o relógio que arrasta os ponteiros, não permitindo às horas avançar à velocidade desejada. O tumulto interior, qual catástrofe natural, consome-o como um incêndio, não permitindo ao corpo permanecer inerte. Anseia por algo desconhecido que sabe bem o que é. Aquilo que, teimosamente chama de inquietude, tem outro nome. Decide que, no que dependesse de si, uma chuva torrencial haveria de acabar com o incêndio. Num movimento decidido, puxa do telemóvel e começa a pescar. Não tarda até que o peixe comece a morder...umas mais seguras do que outras.

 

Como em tantas outras coisas na vida, a esperança vem de onde menos esperava. No telemóvel, aparece "Nova mensagem de Noviça". O nome com que a tinha "baptizado", caracterizava a esperança que depositava nesta conhecida. Abre a mensagem e percebe que este peixe não mordeu...abocanhou o isco, engoliu o anzol e já puxa a linha. Subitamente excitado com a ideia de que a chuva virá, começa a enrolar o fio, puxando o peixe para bordo. Utiliza de toda a sua perícia para não o deixar escapar. Entre argumentos de excitação e promessas de prazer, acena-lhe com o desconhecido e alicia-a com luxúria e sensualidade. Ela cede.

 

Ele, renovado de energia por todo o corpo, apressa-se a mudar de roupa, pentear-se e perfumar-se. Lava o cabelo, para que o possa pentear exactamente como pretende. Não admite nada inferior à perfeição, ainda que o peixe já esteja na rede. Não perde tempo com a roupa, sabe bem o que vestir para que encontro se repita no futuro, se for do seu interesse. Veste os boxers eleitos e as calças de ganga por cima. Antes da camisa, o perfume que quer cravar-lhe na memória. Haverá de o desejar e de se sentir a arder, cada vez que o sentir pairar no ar. Agora sim, a camisa, ao jeito do tronco, de mangas arregaçadas. O cinto prende-a dentro das calças. Faltam os mocassins, sem meias. Está pronto.

 

Mete-se no carro e ruma ao desconhecido prazer que o aguarda. Está cheio de tesão e fantasia com o futuro, apenas a alguns quilómetros de distância. Não resiste a provocar pelo caminho. A noviça afirma-se encharcada...com medo...mas encharcada. Ele, como é seu apanágio, quer mais. Quer-la como quer qualquer mulher que se atravesse no seu percurso sexual: a trepar paredes!

 

- Onde estás?

- No estacionamento.

- Qual é o teu carro?

- Um corsa cinzento.

- Hmmm...estou a passar em frente agora...já te vi. Vou encostar.

- Estás num VW preto?

- Sim. Sou eu. Vem.

 

Não sabem o que fazer. Não sabem o que dizer. Os olhos cruzam-se pela primeira vez e tentam deslindar o que ocorre por detrás dos mesmos. Os segundos parecem horas. Sabem que este momento não se repetirá entre eles. O impacto é único, nasce e morre naquele momento. É ele quem o mata.

 

- És muito bonita.

- Obrigada. Tu também.

- Obrigado. Aliviada?

- Por seres bonito? Sim...

- Estás a tremer.

- Pois estou. Estou nervosa.

- Com medo?

- Sim. Tu não?

- Medo? Não. Mas sim, estou nervoso, claro.

 

Um resquício do momento que ele tinha assassinado, paira, qual fénix renascida, qual déjà-vu. Consciente do que tinha a fazer, toma as rédeas e coloca-se em andamento. O diálogo continua, enquanto procuram um local para satisfazer o desejo que os guia e consome. Fazem conversa de circunstância, típico de duas pessoas que se acabaram de ver pela primeira vez, pouco coincidente com o que haviam feito até então, nada concordante com o facto prestes a consumar. Vão foder.

 

Não vão fazer amor. Não se amam. Querem sexo. Querem sexo rápido e sem tretas. Querem fogo. Querem corpos encaixados e gemidos abafados. Querem suor, querem saliva, querem língua, querem boca.

 

Chegam ao local elegido, deserto, recôndito. Os corações palpitam. As mãos tremem. Que fazer? Quem faz? Quem diz? Ele avança. Arranca um primeiro beijo. O segundo é oferecido. O terceiro é desejado. Os beijos chamam pelas mãos. Estas vêm e obedecem como animais amestrados. A blusa dela abre-se para revelar o peito, sem soutien. Ele sorri, atrevido, e mergulha de língua nos mamilos já hirtos, a procurar o céu. A mão acompanha e toma conta do peito sem boca. Ela, outrora mais nervosa, é mais directa, e directa vai ao chumaço que se avoluma nas calças dele. Pressiona-o contra a perna. Sente-o enrijecer...deseja-o. As rédeas são dela. Sai o cinto, abrem-se os botões e procura dentro do frasco, o doce que leva à boca. Lambe com a sofreguidão de quem vai fazê-lo pela última vez. Chupa sem medo que se esgote. Ele, por seu lado, recosta-se para que ela possa desfrutar...e ele também. O doce, ao invés de minguar, cresce e endurece. Está pronto. Sai o cinto dela, o fecho abre-se e as calças descem. A ausência de roupa interior, já não constituía surpresa, mas não deixou de ser notada. Ele, já estava no banco de trás, sentado, para ela. Ela sabia que aquele banco era para ela se sentar, afinal, foi ela que lhe deu forma. Não se faz de rogada e senta-se. Invadida, gemem em uníssono. Chegou o momento que só terminará quando ambos estiverem suados e satisfeitos!

publicado às 11:26


1 comentário

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De diabo de saias a 23.10.2013 às 15:06


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