Tomates & Grelos

Era já noite quando, sentado para jantar, uma luz desperta do outro lado da rua. Um vulto ganha forma, até se revelar num corpo feminino. Repentinamente, o jantar já não tinha assim tanto interesse.

O corpo movimentou-se pelo quarto, até se deter no centro, onde começou a revelar todo o seu esplendor. O jantar, tinha definitivamente perdido o interesse. Sem pensar nas consequências, aproximei-me da janela, como se 1 metro de distância fizesse toda a diferença, para apreciar o espectáculo que gratuitamente me estava a ser proporcionado.

Despreocupadamente, o corpo foi ficando despido. Começou pelas calças, passando de seguida para a camisola. A minha mente despertava, e com ela, outras coisas mais. Desabotoou a camisa, com a calma de quem se prepara para um banho de imersão. Torcia cada vez mais para que rodasse o corpo, de forma a que, em vez de lado, a pudesse vislumbrar de frente.

Chegou a vez do soutien. Os tambores rufaram na minha cabeça e no suspense final, aquele peito empinado revelou-se. Juntamente com ele, também um crescendo se revelava nas minhas calças. Até onde iria? As cuecas seriam o próximo passo? Ou já as teria tirado juntamente com as calças? Ah...se a janela fosse mais baixa...se tivesse mais ângulo... O quê? Não...não pode ser...será que...estará a ver-me?

Tinha sido apanhado. Claro que me está a ver...tenho a luz acesa...vê-me tão bem quanto eu a ela, com certeza. E agora? Apago a luz? Escondo-me? Não...se ela quiser, que feche a cortina. Mas a cortina não fechou. Mas as cuecas desceram, com um olhar na minha direcção que me acelerou a pulsação. Era um convite.

O convite durou o suficiente para ser explícito, e o corpo desapareceu. Onde estaria? No banho? Era provável... O que fazer com o convite? Aceitar? Recusar? Adiar? Pensando bem, porque não adiar? Eu sei onde estaria no dia seguinte...e a que horas...era normal cruzarmo-nos no aparcamento na rua, de manhã.

E assim foi...

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